Jack The Joker lança seu álbum impressionando pela qualidade e complexidade das composições
A precariedade sempre foi uma característica marcante nas produções do underground cearense. Nos últimos anos, a preocupação com a qualidade não apenas das gravações, mas também das composições tem sido uma constante em todas as bandas da cena local, tanto as iniciantes como veteranas. Vindo de um ambiente musical otimista e em pleno desenvolvimento, o grupo cearense Jack The Joker lançou seu primeiro álbum estabelecendo um novo nível técnico às bandas do gênero no Estado. O grupo já surge com ares de gigante no cenário da música pesada.
Disponível para download na loja virtual iTunes audição em streaming, nas principais plataformas do País (Deezer, Spotify e Rdio), o álbum “In the Rabbit Hole” reúne 10 faixas inéditas. A produção é marcada pelo virtuosismo nos instrumentos e pelas melodias complexas, variando entre momentos acústicos e outros mais eletrificados, velozes e pesados, ambos executados com maestria.
O paulista Adair Daufembach, também produtor da banda Project46, assinou a mixagem e a masterização do trabalho – processo realizado entre abril e julho deste ano -, ampliando o potencial sonoro das composições da banda Jack the Joker. “Como o toque do Adair, nossas músicas ganharam um poder muito grande. Fez toda a diferença”, diz Lucas Colares.
Adair Daufembach diz ter ficado impressionado ao escutar pela primeira vez o trabalho do quinteto cearense. “Eles possuem influências genuínas de bandas clássicas e grupos mais modernos. Isso é algo muito difícil de encontrar hoje em dia”, diz o produtor, que não deixa de ressaltar a surpresa com a pouca idade dos integrantes. “Eles são bem jovens, mas não falham em seus instrumentos”, diz.
De fato. O baterista Vicente Ferreira impressiona ao executar músicas de grande complexidade rítmica, ditando de maneira sofisticada o andamento das músicas, com variações criativas. Os vocais de Raphael Joer são repletos de personalidade, que alcançam notas agudas elevadas, resultando em uma performance desconcertante. Já o baixo Lucas arruda é presente em todas músicas, sendo o diferencial em muitas das composições. Importante dar os devidos créditos à dobradinha Lucas Colares e Felipe Facó nas guitarras, que com riffs marcantes e solos virtuosos, mostram sensibilidade e conhecimento acima da média no manejo do instrumento.
Disco
É presunçoso dizer que o álbum “In the Rabbit Hole” é o melhor já lançado na história do rock cearense, mas com certeza está entre eles. É ainda mais leviano afirmar que a banda reinventou o gênero; dominado por bandas como Dream Theter, Symphony X e Opeth; mas o álbum possui todos os quesitos para disputar, em pé de igualdade musical, no mercado mundial.
O trabalho da banda Jack the Joker pode, no entanto, ser caracterizada sem grande temor como a primeira superprodução do cenário local, mesmo que o underground cearense seja caracterizado por bandas de metal extremo, que também primam pela complexidade técnica em seus trabalhos. O desafio do grupo agora é marcar presença nos palcos e consolidar a relevância de suas músicas em outros mercados. Um trabalho para gigantes.
Álbum
In the Rabbit Hole
Jack the Joker
Independente
2014, 10 faixas
Via Deezer, Spotify e itunes (R$ 20)
Leonardo Bezerra
Repórter
